Por Marcos Tonin*

Saúde mental e o tabu de sofrer calado -


De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Britânico de Saúde Mental - MiND, 6% dos profissionais que conversaram com seus gestores que estavam com algum tipo de transtorno/sofrimento mental como estresse, depressão, luto, tristeza e ansiedade foram forçados a sair da empresa. A pesquisa afere também que 2% foram diretamente demitidos depois de expor suas condições mentais.

Os números chocam ao nos apresentar a dura realidade do grande tabú que o tema saúde mental ainda representa para o mundo corporativo.

O preconceito é tão grande por parte das empresas e gestores que 90% das pessoas que ficaram longe do trabalho devido a algum tipo de sofrimento mental,  não comentam claramente a razão de sua ausência no trabalho. Muitos utilizam outras doenças mais “aceitáveis” como labirintite, febre, gripe, pressão alta e etc.

Isso nos leva a entender que transtornos de ordem mental no ambiente profissional ainda são vistos como “frescura” por muitos gestores que só têm abertura para reconhecer temas de saúde física.

Ora,  quem não conhece uma empresa que investe em ginástica laboral? Estou falando daqueles 15 minutinhos para alongamento que “evita a LER” ou problemas ergonômicos. No entanto, quantos conhecem empresas que possuem programas de promoção de saúde mental no ambiente corporativo?

A falta de abertura e aceitação deste tema, leva muitos profissionais a sofrerem calados, enfrentando de forma solitária e até discriminatória suas condições mentais.

Entendendo que a saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades para recuperar-se do estresse, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade, percebe-se que é algo muito além da ausência de doenças mentais.

Entretanto, a pouca abertura para tratar o tema faz com que profissionais a beira de promoções evitem dizer que estão cansados ou que precisam reorganizar a rotina de trabalho com receio de serem “cancelados”.

Enquanto as empresas não entenderem que pessoas falham quando estão cansadas, que erros acontecem quando alguém está demasiadamente preocupado e que a tristeza faz com que o absenteísmo suba, elas continuarão a investir em programas de treinamento para “tapar” o sol com a peneira. Mais do que isso: vão continuar discutindo a performance sem o elemento mais importante desta equação que é o o indivíduo e sua relação com sua saúde mental e emocional. Vamos falar sobre sua saúde emocional?

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