Delação premiada liga agentes públicos ao PCC e cita deputados e delegados
por FELIPE VITAL
DELAÇÃO
Delação premiada liga agentes públicos ao PCC e cita deputados e delegados
Novos nomes de parlamentares e delegados suspeitos foram incluídos na denúncia feita por Antônio Gritzbach.
FELIPE VITAL - 20/12/2024 16:02:20
A delação premiada de Antônio Vinicius Gritzbach, que expõe a ligação de agentes públicos com o Primeiro Comando da Capital (PCC), revelou na última quinta-feira (19) o envolvimento de dois deputados estaduais e dois delegados de polícia. O documento foi assinado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) em 10 de setembro, quase dois meses antes do delator ser executado no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Entre os nomes mencionados estão os parlamentares Delegado Olim (PP) e Carlão Pignatari (PSDB), além dos delegados Fabio Pinheiro Lopes, conhecido como "Fabio Caipira", atual diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), e Murilo Fonseca Roque, ex-titular do 24º Distrito Policial.
Propina milionária e acordos secretos
De acordo com Gritzbach, o advogado Ramses Costa prometeu desbloqueio de bens, devolução de passaporte e liberdade de movimentação enquanto o empresário era investigado por lavagem de dinheiro. Para isso, Ramses teria negociado um acordo de R$ 5 milhões com os agentes públicos mencionados: R$ 800 mil seriam pagos como honorários advocatícios, e R$ 4,2 milhões, em propina.
O pagamento teria sido realizado por meio de dois apartamentos de luxo, transferências bancárias de R$ 300 mil e quantias em cheques e dinheiro.
Quem são os citados?
Carlão Pignatari
Carlão Pignatari, empresário do setor avícola, foi prefeito de Votuporanga (2000-2008) e atualmente cumpre seu quarto mandato como deputado estadual. Entre 2021 e 2023, foi presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), assumindo em algumas ocasiões o governo do estado. Segundo a delação, o advogado Ramses Costa teria se reunido com Carlão na Alesp para tratar dos "problemas" de Gritzbach.
Fabio Pinheiro Lopes ("Fabio Caipira")
Delegado desde 1992, Fabio Caipira tem longa experiência no combate ao crime organizado. Atualmente, é diretor do DEIC, mas já comandou delegacias de destaque, como o Grupo de Operações Especiais (GOE). Fontes internas indicam que a exclusão do departamento liderado por Fabio de uma força-tarefa contra o PCC foi motivada pela desconfiança do Ministério Público em sua atuação.
Delegado Olim
Antônio Assunção de Olim, delegado desde 1992, ganhou destaque ao investigar a morte da advogada Mércia Nakashima em 2010. Atualmente em seu terceiro mandato como deputado estadual, foi eleito pela primeira vez em 2014.
Murilo Fonseca Roque
Murilo foi titular do 24º Distrito Policial, onde, segundo a delação, participou diretamente do acordo com Ramses Costa para favorecer Gritzbach. Hoje, é delegado do 3º Distrito Policial em São Bernardo do Campo.
Desdobramentos e investigações
As acusações de Gritzbach somam-se a uma série de denúncias envolvendo agentes públicos e organizações criminosas. A delação segue sendo analisada pelo Ministério Público e pode trazer novas implicações legais para os citados.