ONU Alerta para Racismo Sistêmico no Brasil: Medidas Atuais São Insuficientes

O racismo no Brasil é sistêmico e enraizado desde a formação do Estado, com medidas de combate ainda insuficientes frente à gravidade do problema. Essa é a avaliação preliminar de Ashwini K.P., relatora especial sobre formas contemporâneas de racismo da ONU, divulgada nesta sexta-feira, 16 de agosto. A especialista, que integra o corpo independente de direitos humanos da ONU, destacou preocupações com a exclusão e violência estrutural sofridas por afrodescendentes, indígenas, quilombolas, romani e outros grupos marginalizados.

Durante sua visita ao Brasil, Ashwini K.P. alertou para a baixa representação política desses grupos e o ambiente hostil que enfrentam nas eleições, citando o assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018 como exemplo do perigo que ronda os poucos que conseguem se eleger. Ela enfatizou que, embora existam avanços como ações afirmativas em instituições de ensino e a criação do Ministério da Igualdade Racial, o progresso em direção à justiça racial é lento e as lacunas na implementação das políticas permanecem significativas.

A relatora também expressou preocupação com a segurança durante as próximas eleições municipais, destacando a necessidade de medidas urgentes para prevenir a violência política, especialmente contra mulheres e membros de grupos raciais marginalizados. Ashwini K.P. exortou o Brasil a garantir maior responsabilização e a implementação efetiva das cotas de representatividade racial, alertando que as vidas de pessoas marginalizadas dependem de ações mais ousadas e rápidas.