Mulheres Negras Enfrentam Maior Dificuldade para Contribuir à Previdência, Revela Ipea
Mulheres Negras Enfrentam Maior Dificuldade para Contribuir à Previdência, Revela Ipea
Um estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que as mulheres negras são o grupo mais vulnerável em termos de proteção previdenciária entre brasileiros de 16 a 59 anos. Em 2022, 21,2% das mulheres negras não tinham condições de contribuir para a Previdência Social, uma situação significativamente mais grave em comparação com apenas 6,8% dos homens brancos.
O Ipea observou que essa vulnerabilidade das mulheres negras aumentou entre 2016 e 2022. Em 2016, 19,2% delas estavam desprotegidas pela Previdência e sem capacidade contributiva, percentual que subiu para 21,2% em 2022. Esse aumento acompanha uma tendência geral de piora na proteção previdenciária da população ocupada entre 16 e 59 anos, onde a desproteção passou de 11,1% em 2016 para 13,3% em 2022.
Esses dados foram disponibilizados pelo Ipea na plataforma "Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça", que foi atualizada para ajudar na formulação de políticas públicas e estratégias que possam mitigar as desigualdades sociais no Brasil.
Desigualdades no Mercado de Trabalho
Além das disparidades previdenciárias, o Ipea destacou que, em 2022, apenas 52% das mulheres negras e 54% das mulheres brancas estavam inseridas no mercado de trabalho remunerado. Para os homens negros, a participação era de 75%, enquanto para os homens brancos era de 74%.
As desigualdades não se limitam à participação no mercado de trabalho. As mulheres, em média, dedicam 10 horas semanais a mais do que os homens às tarefas domésticas e de cuidado não remuneradas, evidenciando o fardo adicional que recai sobre elas.
Em 2022, apenas 63% da população em idade ativa no Brasil participava da força de trabalho. Contudo, negros e negras continuam sendo os mais afetados pela subutilização no mercado de trabalho, com menores chances de encontrar emprego, trabalhar mais horas ou avançar profissionalmente. Eles representam a maior parte dos mais de 23 milhões de brasileiros subutilizados.
Ampliação do Debate sobre Desigualdades de Gênero e Raça
Ao divulgar esses dados, o Ipea espera ampliar o debate sobre as desigualdades de gênero e raça que persistem no Brasil. A plataforma "Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça" é uma ferramenta crucial para pesquisadores, formuladores de políticas e o público em geral, fornecendo dados detalhados que ajudam a entender e combater essas desigualdades.