Investigador preso por ligação com PCC é sobrinho de chefe da Corregedoria de SP

Eduardo Monteiro, chefe de investigações da Polícia Civil e um dos oito presos na última terça-feira (17) por suspeita de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), é sobrinho de Rosemeire Monteiro de Francisco Ibañez, chefe da Corregedoria Geral da Polícia Civil de São Paulo. A Corregedoria, vale lembrar, é o órgão responsável por investigar irregularidades cometidas por policiais.

De acordo com as investigações da Polícia Federal, Eduardo usava sua relação familiar para se blindar de apurações. Em depoimento antes de ser executado, Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do PCC morto no Aeroporto Internacional de São Paulo, afirmou que possuía um áudio em que Eduardo dizia não temer a Corregedoria, pois sua tia era a chefe do órgão.

Além disso, Eduardo é acusado de extorquir Gritzbach, se apropriando indevidamente de bens do empresário, como relógios, computadores e dinheiro em espécie.

Relatórios da Polícia Federal e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) indicam que Eduardo realizou operações financeiras incompatíveis com seu patrimônio e ocupação profissional. Entre as irregularidades apontadas estão: movimentação de recursos financeiros incompatíveis com sua renda declarada; uso de contas de baixo movimento para depósitos de valores elevados; e declarações de valores em transações imobiliárias significativamente diferentes dos preços de mercado.

Eduardo também é sócio das empresas MD Construções e Baronesa Motors Ltda, que, segundo os investigadores, podem ter sido usadas para ocultar a origem ilícita de bens e valores.

Nota da Secretaria de Segurança Pública de SP:

Em resposta às acusações, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) declarou: “A SSP é uma instituição legalista e não compactua com desvios de conduta. Comprovada qualquer irregularidade, as medidas serão adotadas. A Corregedoria da Polícia Civil apura e acompanha os desdobramentos de uma operação conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público, deflagrada nesta terça-feira (17). O órgão também está à disposição para colaborar com as investigações. Até o momento, quatro policiais civis foram presos e um está foragido.”