PF indicia ex-diretores da PRF por tentativa de interferência nas eleições de 2022
por FELIPE VITAL
POLÍTICA
PF indicia ex-diretores da PRF por tentativa de interferência nas eleições de 2022
Investigados são acusados de dificultar o deslocamento de eleitores de Lula (PT) no segundo turno.
FELIPE VITAL
A Polícia Federal indiciou quatro ex-diretores e coordenadores da Polícia Rodoviária Federal (PRF) por suspeita de tentarem dificultar o deslocamento de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o segundo turno das eleições de 2022.
Entre os indiciados estão Luis Carlos Reischak Junior, Rodrigo Cardozo Hoppe, Djairlon Henrique Moura e Adiel Pereira Alcântara, que ocupavam posições de destaque na PRF, além de Bruno Nonato dos Santos Pereira, ex-coordenador da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Segundo o inquérito, os cinco responderão pelos crimes de desobediência, prevaricação, restrição ao exercício do direito ao voto e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. As investigações apontaram que, em 30 de outubro de 2022, dia do segundo turno, a PRF realizou operações de fiscalização que impactaram principalmente eleitores no Nordeste, região onde Lula liderava nas pesquisas. No período entre 28 e 30 de outubro, a PRF fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, contra 571 no Sudeste, segundo um relatório da corporação.
Ainda em 2023, mensagens obtidas pela PF indicaram que os indiciados, incluindo Adiel Alcântara, sabiam das ações direcionadas. Alcântara chegou a criticar Silvinei Vasques, então diretor-geral da PRF no governo Jair Bolsonaro, por supostamente citar “policiamento direcionado” em reuniões antes do segundo turno.
No dia da eleição, Alexandre de Moraes, presidente do TSE, ordenou a suspensão imediata das blitzes sob ameaça de prisão de Vasques. A determinação, contudo, foi ignorada, e as fiscalizações continuaram.
O caso já havia implicado outros nomes em agosto de 2024, incluindo Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e Silvinei Vasques, acusados de ações semelhantes para obstruir o acesso de eleitores aos locais de votação.