PT e PL se unem para eleição de Hugo Motta à presidência da Câmara dos Deputados
por FELIPE VITAL
POLÍTICA
PT e PL se unem para eleição de Hugo Motta à presidência da Câmara dos Deputados
Apoio consolida favoritismo do líder do Republicanos para suceder Arthur Lira no comando da Casa.
FELIPE VITAL
Os principais partidos da Câmara dos Deputados anunciaram, na última quarta-feira (30), apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Casa. O PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, confirmaram adesão ao nome de Motta, que conta com o aval do próprio Lira. Juntas, as bancadas do PT, PL e MDB somam 217 deputados: 80 do PT, 92 do PL e 45 do MDB.
A eleição para a presidência da Câmara está marcada para 1.º de fevereiro do próximo ano. Além de Motta, os deputados Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA) também concorrem ao cargo, mas os recentes apoios consolidam o favoritismo do líder do Republicanos.
O PL oficializou seu apoio por meio do deputado Altineu Cortes (RJ), líder da sigla, em um anúncio feito em frente à sala da liderança do PT. Cortes destacou que será formada uma comissão do partido para negociar pautas importantes com Motta, mas reiterou o apoio formal. “Eu quero formalizar o apoio do PL à candidatura do deputado Hugo Motta”, disse. A candidatura de Motta já havia conquistado o respaldo do Podemos e do PP.
Apesar do apoio consolidado, uma ala bolsonarista defendia uma postura mais rígida, com reivindicações específicas para garantir apoio ou até mesmo a possibilidade de lançar um candidato próprio. No entanto, o grupo majoritário decidiu apoiar Motta. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, justificou a escolha: “Hugo Motta é muito equilibrado e tende a ser um bom presidente”. Entre as exigências feitas pelo PL, está a votação do projeto de anistia para os condenados pelos ataques de 8 de janeiro, além de espaço na vice-presidência e em comissões importantes. “Tivemos uma reunião muito boa com a bancada. Agora, o pessoal só está acertando os espaços e a nossa pauta”, disse Altineu.
Projeto de anistia
A movimentação de Lira para consolidar seu sucessor não agradou a todos os bolsonaristas. Nesta semana, o presidente da Câmara transferiu da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para uma comissão especial o projeto de lei que propõe anistia aos bolsonaristas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos atos de 8 de janeiro, o que pode atrasar sua tramitação. O projeto é visto como crucial para reverter a inelegibilidade de Jair Bolsonaro.
A medida recebeu apoio de Valdemar Costa Neto e do próprio ex-presidente, mas gerou insatisfação em aliados como Caroline de Toni (SC), presidente da CCJ, que perderia o protagonismo de aprovar uma pauta importante para a base bolsonarista. A pressão sobre os parlamentares por parte do eleitorado tem aumentado, já que algumas sentenças chegam a 17 anos de prisão. Lira teria garantido ao PL que o parecer da comissão especial seria dado ainda neste ano, mas há ceticismo entre os deputados sobre o cumprimento dessa promessa.